novembro 14, 2005

Observo-te silenciosamente.
Sabemos tudo ainda que sem falar.
Desenho o teu rosto com os meus dedos, torno-me de veludo para não te corromper o sorriso enquanto me olhas meigamente.

A claridade da lua reflecte-se no brilho dos teus olhos e pareces novamente um menino. Não vejo as rugas, nem a vida que passou por ti como se fosse auto-estrada em território alheio. Olhas-me como se tudo em ti permanecesse como antes. Como quando corríamos, caindo e rebolando pela areia quente do sol do meio-dia... Tão morenos, dourados, os cabelos molhados, colados à face, encharcados de areia e água salgada...

Julgo que voltei aos tempos de infância, que nunca perdi o meu companheiro de brincadeiras. Que ele não cresceu e se fez homem, seguindo o seu caminho.

Descreveste-me ao longo de todos estes anos nos teus poemas... Ao pormenor, ao milímetro, como se me soubesses de cor... Descreveste o mais ínfimo detalhe da minha alma... Amaste-me vezes e vezes sem conta... E eu li-te e amei-te em cada palavra, em cada parágrafo.

Não preciso tocar-te para que me desejes.
Não precisas tocar-me para que saibas que te desejo.
Sabia que um dia nos reencontraríamos.
Sempre o soube.
Sempre o soubemos.

Abraço-te, coloco-me em pontas dos pés, fingindo que sou tão alta como tu e beijo-te devagar. Sabes-me a sal, a ti... E fazemos amor com a mesma ternura de quando ainda éramos quase crianças.



(memórias de posts que quem sabe, nunca leram...)

32 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Que coisa linda Raquel.
Eu não me lembro de o ter lido.
Gostei muito da maneira como escreveste. Escreves bem, já o disse dúzias de vezes, mas nunca é de mais repeti-lo.
A fotografia está óptima e tem muito a ver com o texto.
Beijinhos.

JMTeles da Silva disse...

Tudo o que escreveste aqui salta para cá do ecran e vem acariciar cada um de nós, os já quase idos.
Deixas de ser tu e és a personificação de todas as nossas namoradas de um tempo em que, como dizes, a ternura era expontãnea, inocente e altruísta.
Palavras para quê? É a Raquel!
Bjokas.

mfc disse...

Lindo!
Há situações na vida em que o relatado acontece realmente. Duas pessoas que se separaram há longo tempo, sabendo reciprocamente as saudades que deixaram. Pensam-se, sabendo exactamente que o outro não pode deixar de o fazer também.
E um dia surge o encontro inevitável.
Aquele beijo em bicos de pés, tal como um "pas de deux" num bailado, foi lindo.

Anónimo disse...

:) é uma boa ideia esta da "revisao da materia" hehe :P pode ser que ao leres outra vez te apercebas de algo k te escapou na altura em que o escreveste..quem sabe.. :)

Daniel Aladiah disse...

Querida Ana
Altura ideal para releres textos assim, em que a alegria e o amor andam de mãos dadas... tudo aquilo que vais voltar a ter, acredita!
Um beijo
Daniel

LUA DE LOBOS disse...

que bom seria se houvesse mais reencontros...

Su disse...

gostei de ler-te, amei as palavras,
o tempo passa...mas adorei esse reencontro

jocas maradas com sabor a sal

Anónimo disse...

Convidamos-te a estar presente no Encontro BLOGalgarve!
Vem daí.

Canis Lupus Horribilis disse...

Tenho a certeza que não li!
Não lamento, antes fico exultante por quase conseguir "ver", "sentir", as tuas palavras são tão reais...
Bjx

Thiago Forrest Gump disse...

Mais profundo, impossível!

gato_escaldado disse...

um texto mto belo. "memórias que nunca leram" é um bom título. em livro. espero vê-lo nos escaparates. beijos

Anna^ disse...

A ternura transborda neste reencontro...que tinha de acontecer!

Bjokas e fica bem ":o)

Dulce Gabriel disse...

Tbém eu suspiro pelo reencontro.espero que o espirito seja semelhante ao do teu encontro.Boa Semana

Afrodite disse...

como passarei sem mais saber de ti, minha fióta?

É que, se me apanha, a titas mata-me;venho dizer adeus, tenho que 'cavar' daqui para fora!

se eu sobreviver, voltarei...
§(~_~)§ beijo da Afrodite
(uma carinha d'anjo num corpo espectacular, com tudo no sítio, muito dentro do prazo, sem aditivos nem silicones)

Mitsou disse...

Reli com a mesma emoção, sentindo a que tu tão ternamente puseste nas palavras escritas.
Adoro este texto, mana!

Beijinhos muito doces e um abraço apertado.

peciscas disse...

Íntimo, sentido, bonito!

Anónimo disse...

Heureux celui qui a le privilège d?être avec toi !
Bisous@+

Nilson Barcelli disse...

Até já.

Assinado: um senhor que ainda está no país das pessoas frias...

Beijinhos

Unknown disse...

Minha querida Raquel, mas que post fantástico. Tu és uma apaixonada por natureza, fizeste com que me sentisse nesse teu passado e conseguisse ser feliz mesmo em imaginação. beijinhos minha querida

Anónimo disse...

já aqui tinha estado... mas apeteceu-me voltar a ler-te.
E .... também porque todas as oportunidades são boas para te dar um beijo, fióta!

(Muito devemos nós ter falado naquele dia ..... tinha o CD do Rui Veloso no rádio ..... a bateria do carro foi à vida, tive que chamar um reboque. Saíu-me carota a conversa, fióta - 150 euros - mas valeu a pena. Na próxima vez, falamos sem música de fundo)

Beijos aos milhões

//(~_~)\\ um beijo da Titas

Å®t Øf £övë disse...

Raquel,
Quem ama, quando existe um amor verdadeiro e puro, o reencontro é sempre inevitável, e ainda bem.
O amor pode tudo.
Gostei muito do teu texto.
Bjs.

Alexandre de Sousa disse...

Um texto muito bonito, escrito com sentimento. Um dos melhores que tenho lido aqui neste canto.

Red Boys ESTAÇÃO disse...

E que assim sejam mto felizes! Assim o desejo.
Bj.

Conceição Paulino disse...

belíssimo,terno e doce texto k nos envolve em ternura e paz. K assim seja teu caminhar.Bjocas doces e ternurentas

Anónimo disse...

Belo texto, leve e suave como "a pluma que o vento vai levando pelo ar..." Como bem dizia o poeta Vinícius de Moraes, "a vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros nesta vida". Gostei muito do seu blog, inteligente e informativo. Sobre o Art of Love diria que "a poesia está para a prosa, assim como o amor está para a amizade".

GNM disse...

Está simplesmente lindíssimo!
No more comments.


Um excelente fim de semana!

Anónimo disse...

apeteceu-me reler.

//(~_~)\\ um beijo da Titas

Afrodite disse...

lido de novo tem sempre novo sabor.

§(~_~)§ mais um da Afrodite

agua_quente disse...

Não li, não. Mas este é uma doçura, uma carícia. Parece que aqui ficaram de fora as inquietações! :))
Beijos

Páginas Soltas disse...

Emocionada li o teu lindo texto!!
Quantas lágrimas rolaram pela minha cara!!
Olha...uma caiu no teclado....
Oh Raquel...sentimento tão lindo...
fez-me recuar no tempo...e senti um nó na garganta!!
Tens um dom tão especial!!

Obrigada minha amiga..por o partilhares connosco....estes sedentes seres do amor!!

bjs..............Maria

luis manuel disse...

A oportunidade de viver intensamente a infância em afectos, deixa certezas no nosso intimo.
O crescimento não as apaga, antes as reserva em lugar especial, de tal forma foram sentidas.
A amizade, a brincadeira, e um amor quando acontece, não precisa de ser tocado durante esse caminho.
Todos esses valores estão lá com o mesmo sabor.
E quando resultam das emoções do amor terno, o reencontro experimentado como "crianças" é sublime.
Por amor, tudo.


(foi a primeira vez que li, tal como alguns anteriores. Afinal, só agora aqui cheguei !)

Obrigado,
Em especial pelo gesto particular de simpatia que recebi

Anónimo disse...

Apetece-me verão. Praia e... amor.