maio 03, 2009
maio 02, 2009
Há algum tempo que não escrevia crónicas. "Estou de volta".
Um grão de emoção
Hoje conheço-me melhor do que ninguém, porque sou eu quem diariamente veste a minha pele. Mas continuo a ser um enigma para a minha faceta mais racional. Somos o que fazem de nós, o que fazemos por nós, o que nos ensinam, o que aprendemos, um misto de genética e a miscelânea da realidade dos dias. As minhas emoções, as minhas lágrimas. Ninguém sabia se eu iria chorar a ver a vida dos outros num ecrã ou numa tela, ou conter a lágrimas porque [o meu] mundo não estaria preparado para me ver chorar.
O que parece um paradigma, ou não, de tecido grosseiro ou talvez banal, do ponto de vista psicológico é, no entanto, do ponto de vista da humanidade, o fragmento de um ser. Eu.
Ainda criança, o meu irmão mais velho encontrou-me a chorar qual Madalena arrependida perante o ecrã da televisão. Disparou uma simples frase “Só fazem coisas para as crianças chorarem”.
Puxei dos meus galões – recém-adquiridos - querendo defender quem nem sequer conhecia. Enxuguei rapidamente as lágrimas e resmunguei entre dentes frases vagas de criança de oito ou nove anos que acabou de ser apanhada a comer o seu bombom favorito às escondidas. Queria provar ao meu irmão que estava errado.
E nessa minha intenção, sucedeu algo incomum, estanquei as lágrimas durante três anos. Abafei em mim a emoção com um único propósito - “Não, eles não fazem só coisas para as crianças chorarem”. Era muito nova para perceber que além de extremamente teimosa, acabara por ficar prisioneira da minha tentativa de não culpabilizar a sociedade – sabia lá eu o que era isso – pois fora isso mesmo que o meu irmão tentara fazer - esquecera a emoção em prol da sua arrogância de adolescente. Éramos duas crianças num jogo psicológico de adultos.
A emoção faz parte de nós e não parece ser possível controlar-se facilmente, muito menos para uma criança. Por isso mesmo e ainda que sendo apenas uma garota, durante esses três anos olhei para dentro de mim mesma com surpresa. As minhas lágrimas haviam fugido, nada me comovia, era como um poço seco. Como criança que se ia desenvolvendo, pressentia que algo estava errado, ou melhor, exactamente por ser criança, achava tudo um grande disparate e por vezes espantava-me com a tenacidade com que cumpria aquela pena absurda. Afinal as crianças também “filosofam”…
No entanto, ao fim desses três anos, levei-me a um tribunal o mais imparcial possível e abri a porta da prisão, com tanta facilidade como a tinha fechado. E voltei a chorar a ver filmes, séries, desenhos animados, fosse o que fosse.
Anos mais tarde, já casada, o assunto das lágrimas voltou à baila. Ele gostava de filmes para rir e eu gosto de filmes com grande intensidade dramática. Eu chorava. Ele não. Eu aceito que desde as pedras da calçada ao cão da vizinha, todos chorem. Ele não. Olhava para mim, deveras irritado, ameaçando-me sempre que seria a última vez que veria aquele tipo de filmes comigo.
Mas continuei a emocionar-me até hoje. Apenas não uso rímel.
Raquel Vasconcelos, in Jornal Portal Lisboa
abril 26, 2009
Lágrimas abatem-se nas minhas vidraças… Lágrimas de um céu cinzento. Mesmo que alguns raios luminosos teimem em trespassar a escuridão.
Tudo é irrelevante e o Inverno chora... Um grito molhado pelo que não choramos. Chora por cada um de nós, como se fosse uma catarse.
Se um dia pudesse conversar com o Inverno perguntar-lhe-ia porque se dá ao trabalho de chorar por nós.
Um dia a Primavera surgirá com a renovação prometida sem que nos apercebamos. A natureza renova-se sem nos pedir permissão, sem nós. E será com o calor do Verão que chegará uma leve sensação de equívoco. Não que nos apercebamos dessa sensação. Apenas a humidade latente que nos enleia - a par de uma lassidão que não nos abandonará até que o calor abdique - é como o “tic tac” silencioso mas inexorável de um relógio. E é então que começa o cair da folha. E de novo o circuito se encerrará até o Inverno se imiscuir por nós adentro, chorando… chorando pelo que ficou por fazer, por nós, pelos nossos destroços.
abril 25, 2009
abril 20, 2009
O blogue A Minha Matilde & Cª
acha, para minha grande honra, que este blogue é "um jovem que pensa"!
Uma vez recebido o prémio, este deve ser passado a dez outros blogues. Mas eu vou adulterar um tudo nada as regras (que constam no final deste post).
- Passo este prémio a todas as pessoas que participam no jogo mensal das "doze palavras" que acontece no blogue Eremitério, com relevo para o seu organizador, o Eremit@.
Eis as regras:
1. Exiba a imagem do prémio
2. Poste o link do blogue que o premiou
3. Indique dez blogues para fazerem parte do “Manifesto Jovens que Pensam”
4. Avise os indicados
5. Publique as regras
abril 18, 2009
3.35h
Hoje escrevo para ti. Numa tentativa de que a letra se entenda, mas, sobretudo que passem os sentimentos – como num jogo, falo contigo e depois tiro as minhas conclusões, entendes?
Não te enviei as boas noites com medo de fazer ruído, e sinto falta das tuas. É como se te sentisse a viveres num mundo só teu, em que deixou de existir entrada para mim. O cadeado de que me deras a chave tornou-se inacessível. Está lá mas não se vê. Estás só, na tua luta por uma vida pessoal que finalmente tens a certeza que tem que existir – porque todos os passos já estavam aparentemente dados.
Mas… faltavam pormenores com que só agora te deparas; uma estrada de pequenos nós… E nó a nó vais desatando cada um deles. E absurdamente acabaram por ser todos eles entre mim e ti, na tua mente algo fantasista, nessa mente que não consegue perceber que aconteceram meras coincidências.
Mas porque te escrevo eu neste papel em branco?
Porque tenho umas saudades terríveis tuas. E não, não é uma frase batida. Sinto-o profundamente.
Éramos quase dez pessoas e eu sentia a tua falta. Anotei na agenda do telemóvel o nome do bar para te levar ali um dia - são estes pequenos nadas que nos inventam caminhos que mais tarde sabemos que podíamos talvez ter percorrido. Vidas dentro de vidas.
Naquela noite ias decerto torcer o nariz aos homossexuais, amigos dos meus amigos, para depois também rires com eles e não pensares mais nisso.
Eu ia passar o tempo a desejar beijar-te. Ou então, sabes quando tocávamos ao de leve um no outro e cada um sabia que de seguida nos iríamos abraçar como se fosse a última vez? Ia ser assim, perfeito, se não estivesses a dormir e eu acordada, à espera do final da nossa última cena nesta vida.
E se escrevi tudo isto, meio tonta de sono, é porque não me exprimiria tão seguramente numa SMS de 140 caracteres. Pois infelizmente para histórias como a nossa, o fim não usa caracteres, mas silêncio.
março 06, 2009
O já desaparecido blogue KØNTRÅSTËS 2.0, inspirado numa ideia original de Luis Carmelo (blogue miniscente), iniciou uma edição chamada "conversas de café". Publicou assim um conjunto de conversas informais mantidas via e-mail com os mais diversos bloggers. O objectivo era conhecer um melhor o blogger que estava por detrás do/dos blogue/blogues.
Uma das convidadas, a "páginas tantas", fui eu.
Encontrei a entrevista por acaso, quando pesquisava e-mail antigo. Fui espreitar se ela estava ainda a navegar nas ondas da web. E encontrei-a no BlogDimension.com. Achei também que seria interessante arquivá-la no "Páginas". Por isso aqui fica:
1. Sabendo que a blogosfera é uma janela para a vida cibernética, como vê o fenómeno «blogue»?
Eu: Da melhor maneira possível. Ainda que nem tudo na blogosfera sejam rosas.
É um fenómeno de que não se esperaria um tal “boom”. Encontravam-se excessivos “diários” - em tempos que já lá vão - e ficava-se com a sensação de que disso não passaria.
Até que os blogues foram tomando novas formas, adoptando novos conceitos, e nem os políticos ficaram indiferentes.
2. Quando acede à blogosfera que tipo de blogues procura?
Eu: De início sentia-me um pouco perdida, até encontrar o circuito que mais me agrada, o dos bloggers poetas/escritores.
Também me agradam blogues em que existe alguma crítica social, escritos de forma atractiva e até algo irónica.
3. O que o levou a criar um blogue?
Eu: A ideia de poder “publicar” textos meus sem recorrer a editoras e sem ser cerceada por outros. A quase total liberdade de movimentos.
4. Que balanço faz da sua estadia na blogosfera e da blogosfera actual?
Eu: Positivo. Ainda que a blogosfera não seja inocente como uma criança, apesar do seu curto tempo de existência. Como em quase todos os fenómenos em que o ser humano é o principal actor, existe como que uma sociedade que se forma e que nem sempre é da melhor maneira. E o facto de a blogosfera permitir um aparente anonimato, traz ao de cima muito do lado mais sombrio das variadas personalidades que frequentam este meio.
Em suma, ainda que seja um fenómeno extremamente positivo, ainda está à espera de uma regulamentação legal criteriosa.
5. Acha que os blogues podem substituir a imprensa online?
Eu: De forma alguma. Embora os blogues nos dêem acesso a “ouvir” a opinião dos que estão a par, quer da imprensa online, quer da “imprensa de quiosque” ou da “imprensa televisiva”.
E isso acho extremamente interessante. É como se pudéssemos fazer parte de um imenso debate que envolve todos os que o desejarem.
6. Em que medida os blogues influenciam ou influenciaram a sua vida e/ou actividade profissional?
Eu: No meu caso, comecei por deixar assentar a poeira inicial. Depois “editei” os meus textos a meu gosto, o que foi extremamente lúdico. O prazer simples de “brincar” com algo novo.
Posteriormente acabei por escrever crónicas para um jornal e poder entrar num mundo que há muito desejava, o da possibilidade ou não, de editar um livro.
Tirar dúvidas ou fazer novos conhecimentos na área, sem a blogosfera, creio que teria sido quase impossível. Pelo menos ao ritmo a que tudo tem sucedido.
Profissionalmente deu-me a hipótese de pensar numa carreira alternativa, mais ligada à escrita. Como publicitária estou algo cansada de uma profissão que já não me traz grandes novidades nem grandes saídas.
7. O que faz um bom blogue?
Eu: Ora aí está uma pergunta que parecendo simples, é complexa.
No meu caso, também olho para o design do blogue, além do seu conteúdo. Obviamente defeito de profissão.
Se procuro um blogue de prosa, evidentemente que desejo um nível agradável de escrita.
Se gosto de ler algumas novidades políticas/vida gosto de blogues actuais, bem escritos e algo irónicos.
Por isso, essencialmente com um bom design e uma escrita atractiva. Além de uma capacidade de moderação (em relação aos comentários) criteriosa.
Se o blogue for excelente mas mal moderado, perde o interesse, porque existirá uma altura em que a barreira do bom senso será ultrapassada, inevitavelmente.
dezembro 24, 2008
agosto 18, 2008
agosto 14, 2008
como mantas de patchwork
Espero que o meu contributo tenha enobrecido o sonho de todos que nele participaram.
"Este livro é uma colectânea poética idealizada e coordenada por João Filipe Ferreira e Pedro Lopes. Nesta obra é possível encontrar textos poéticos de 100 autores tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo. Uma obra onde cada poeta expressa livremente as suas palavras, as suas emoções, visões e estados de espírito. O leitor poderá navegar calmamente na beleza da poesia e da prosa poética, sem nunca perder o rumo, sem nunca se afogar nas palavras. Com muito prazer, os autores oferecem-lhe esta obra que consideram ser tremendamente rica em poesia. Sejam bem-vindos ao barco poético (...)"
João Filipe Ferreira e Pedro Lopes
julho 31, 2008
Somos assim... seres que vão descobrindo novos seres em si mesmos... vidas dentro de vidas...
A cada passada que damos encerramos uma vida e outra é sobreposta... até a final ser realmente a final... e selar o nosso corpo de forma incontornável.
O que nos devemos perguntar é se até esse momento fomos encerrando vidas que valeram a pena. Quantas destas vidas tiveram saldo positivo...?
PS: desconheço o autor da foto original que entretanto modifiquei a meu contento pois dentro de mim existe uma dessas pequenas vidas ainda em ebulição... que nunca será totalmente selada... até que parta para destinos invisíveis... encerrada na última matrioska... a da libertação.
julho 29, 2008
Existem anos da nossa vida em que até os aniversários são cobertos por mantos invisíveis como teias, tecelagens de aranhas que não vemos mas existem. A vida é uma sucessão de factos que não funcionam como os torneios em que podemos evitar todos os obstáculos... Existem muitos contra os quais temos que ir, numa passada calma, e atravessá-los como se fossem paredes invisíveis mas que nos deixam marcas indeléveis... Não há detergentes para a alma a não ser o tempo. Esse tempo que nos ensina a pouco e pouco a palavras aceitação. E que nos ensina que a vida é para viver assim, desta maneira... momentos felizes e outros menos felizes...
A vida permite-nos apenas que nas alturas piores tenhamos evasões fugazes para o reino do desconhecido, buscando respostas, ou que nos passeemos nos jardins do passado, nas praias cobertas por conchas e gaivotas, sós, sempre sós. E é essa mesma vida que acredita que nas nossas deambulações iremos aprender a seguir em frente.
Este ano a vida colocou-me mais uma questão. E na tentativa de encontrar a sua resposta adiei outras situações. Isso fez com que não pudesse agradecer a todos que me desejaram um bom aniversário ou que por aqui passaram por razões que me são muito caras.
Agradeço a todos!
E agradeço também aos que, agora em silêncio, me permitiram existir. Esta delicada mescla de ADN que sei que sou, com um coração que alberga também uma alma.
junho 17, 2008
É tarde, não de tarde mas tarde. O vento assobia e o ar parece ser o que deveria ser sempre… respirável. Mas é mentira. É irrespirável.
Olha em redor e é incapaz de pedir ajuda. Percorre os nomes na agenda do telemóvel ou os contactos de e-mail… e por cada nome que lhe paira na mente, dá-se uma razão precisa para se silenciar. Quem é ele para pedir ajuda? Dizer “preciso de ti”. Que dor misteriosa e desconhecida tem para que alguém olhe para dentro de si?
Ninguém o conhece realmente. Há demasiado tempo que teatraliza cada movimento e quando se esquece da deixa certa, fica no ar a estranheza da sua “não actuação”. E rapidamente volta a fingir.
Também a banalidade tem a coreografia delineada. Talvez se não fosse assim os cérebros implodissem. Todos se metamorfoseiam em médicos que passam pelos doentes sem os ver. Sem um sorriso.
Para ele não há sorrisos porque há muito cegou.
O mundo avança e cada ser humano empurra paredes de cimento arrasando tudo sob os seus pés. Não interessa as flores despedaçadas porque se não empurrarem a parede… terão perdido. Há uma outra parede atrás deles. Imóvel. Se não empurrarem serão esmagados entre paredes. Pela vida.
Ele quase sente a inutilidade de empurrar a parede que lhe pertence. Pesa toneladas. Está sempre a um passo de desistir.
Existe fé, certamente, porque nada mais explica que amanhã acorde e empurre um pouco mais. Calado. Sem pedir ajuda e com uma dor no músculo cardíaco que deixou de nomear. A cada pulsar, sabe que não aprendeu a articular “Ajuda-me”.
junho 01, 2008
O discurso pode ser lido aqui.
Severn Cullis Suzuki tinha 9 anos de idade quando desenvolveu com um grupo de amigos a ECO, Environmental Children’s Organization. Estavam empenhados em aprender e em ensinar outras crianças sobre as questões ambientais.
Está hoje com 28 anos. É activista ambiental, formada em Ecologia e Biologia Evolutiva pela Universidade de Yale, Estados Unidos. Dá palestras pelo mundo inteiro, defendendo a bandeira verde do ambientalismo. Tem como público-alvo estudantes e trabalhadores de instituições públicas e privadas. A sua forma de falar demonstra a paixão que tem pelo tema e resgata valores já esquecidos. Desafia a sua plateia a assumir responsabilidades individuais e colectivas em prol do meio ambiente. Desenvolve inúmeros projectos ambientais e participa de diversas expedições científicas.
Foi ainda membro do Painel Especial de Aconselhamento de Kofi Annan. E sobre o seu discurso feito na Eco 92, Severn Suzuki destaca a importância da responsabilidade compartilhada: “Durante todos estes anos que se passaram desde a Conferência do Rio, aprendi que dirigirmo-nos aos nossos líderes não é o suficiente, pois não estamos a limpar o que sujamos. Não estamos a pagar o preço do nosso estilo de vida. Tal como Gandhi disse muitos anos antes, ‘Temos de nos tornar a mudança que queremos ver no mundo’. Uma verdadeira mudança ambiental depende de nós. Não podemos esperar pelos nossos líderes. Temos que nos focar no que são as nossas responsabilidades e em como podemos provocar estas alterações”.
Encontrei este vídeo através do CHARQUINHO.
maio 31, 2008
Um dia destes vi uma imagem da 'Alice no País das Maravilhas' num blogue
e recordei-me que apenas li 'Alice do Outro Lado do Espelho'.
Mas mesmo não lendo o livro recordo um filme ou algo parecido.
foi a queda de Alice quando segue o Coelho.
e que tudo em redor de Alice, enquanto cai,
é na verdade inofensivo, sinto-me como ela... caindo... caindo...
maio 27, 2008
maio 13, 2008
Só uma coisa me arreliava. O meu triciclo. Eu queria era uma bicicleta. Não sei quando foi que vi pela primeira vez uma bicicleta mas a verdade é não me saía da cabeça tal brinquedo. Por isso nunca me esquecerei do truque que inventei para assemelhar o meu triciclo a uma bicicleta: um baldinho de praia, virado, em cima do banco do triciclo. Não era nada cómodo mas eu girava pelo jardim fazendo de conta que já tinha a "minha bicicleta".
Ainda consigo ver-me, como se estivesse de fora a observar-me, uma criança feliz a perseguir um dos seus primeiros sonhos…
Obrigada Amigo Eremit@, que ao me ofereceres esta bicicleta me fizeste recordar...
maio 07, 2008
que me passou o Miguel e que traduzi livremente como sendo
“A nossa biografia/memórias em apenas seis palavras”
Six Word Memoir Meme Rules: 1) Write your own six word memoir. 2) Post it on your blog and include a visual illustration if you’d like. 3) Link to the person that tagged you in your post, and to the original post if possible so we can track it as it travels across the blogosphere. 4) Tag at least five more blogs with links. 5) Don’t forget to leave a comment on the tagged blogs with an invitation to play. 6) Have fun.
São-nos pedidas seis palavras para uma “muito curta” biografia (há quem opte por um conceito) e podemos dar-lhes ênfase com uma imagem. Devemos colocar um link para quem nos desafiou e por nossa vez desafiar cinco blogues, avisando-os deste mesmo convite “à valsa”.
Digam de vossa justiça:
TMara; Eremit@; Paulo Tomás Neves;
JMTeles da Silva; Luís Eusébio
maio 04, 2008
maio 02, 2008
Mais um passatempo na nossa blogosfera, este foi-me enviado pelo Miguel. Em alguns casos, para responder, utilizei a livre associação de ideias freudiana. E convido desde já duas pessoas: o Eremit@ e a TMara que sei que darão boa continuidade ao jogo.
Família - Sangue
Homem - é de Marte
Mulher - é de Vénus
Sorriso - Gosto quando me dizem que é bonito…
Perfume - Flower by Kenzo
Carro - Twingo (apesar de não ter carta tenho saudades dele)
Paixão - Escrita
Amor - Quero acreditar que existe
Olhos - Castanho avelã (quando se deixam seduzir por um raio de sol)
Sal - "A princesa e o sal" (de Teófilo Braga, Contos Tradicionais)
Chuva - Recorda-me o Outono e a voz da minha mãe
Mar - Uma outra paixão
Livro - “Fazes-me Falta” (de Inês Pedroso)
Filmes - Entre muitos, "O Piano"
Músicas - Tantas... e a banda sonora d”O Piano” (do pianista e compositor britânico Michael Nyman)
Dinheiro - Descobri que mesmo não sendo tudo...
Silêncio - Ver a paisagem que passa num silêncio agradável...
Solidão - Uma dor no centro do peito, um sem-abrigo invisível…
Flor - Rosas, Orquídeas (e todas as fotografadas com bebés pela Anne Geddes)
Sonhos - Nunca abdicarei deles
Cidade - Lisboa onde nasci, Sintra como paixão
País - Saudades de Luanda
Não viver sem - Esperança
Nunca deixar de ser - Franca
Qualidades - Tento ser tolerante, frontal, verdadeira
Defeitos - Teimosia, impulsividade
Gostos - Adoro cinema, pipocas, livros, chocolates, pastéis de Belém, gatos, sorrisos…
Não passarei - Duas palavras que juntas me assustam…
Detestas - Maldade, mesquinhez. O sofrimento do ser humano.
Pessoa - Era criança ainda e o “mostrengo” de Fernando Pessoa, fascinava-me, entre uma qualquer imagem do “papão” e a sonoridade do que ouvia.
abril 25, 2008
abril 21, 2008
"Espero que gostem, se deliciem com o desafio (...) de construir textos tão diversos, E POR ISSO MESMO TÃO RICOS, partindo das mesmas 12 palavras e do imaginário e questões mais sensíveis a cada uma/um.",
diz-nos o Eremit@ do Eremitério.
As palavras eram: AMORTECIDO; AVASSALADOR; CÉU; COMUNGAR; DISTANCIAMENTO; AZUL; ERODIDO.
Este foi o primeiro jogo e por lá continuam a renovar-se as palavras.
E dera-se uma implosão mas ninguém poderia escutá-la ou percebê-la. Eu saía de uma tempestade de décadas e pouco parecia ter sobrevivido intacto. O que fora fusão transformara-se em fragmentos flutuando dispersos. Pensamentos, membros, sonhos, alma, coração, neurónios, artérias, cabelos e esperanças, baloiçavam num céu inicialmente de um azul glaciar. E este não se atrevia a murmurar e o ruído do vento também fugira como uma criança assustada não querendo dar respostas.
E foi então que a minha alma caiu no mar imenso e frio, amortecida por um ondular suave, repetitivo. E, para meu espanto, todos os fragmentos do meu eu rodopiaram até se encontrarem com o oceano, onde as ondas tentavam cumprir o seu futuro, comungar de mansinho com a areia húmida.
Mas ainda me sentia erodido. Havia um distanciamento avassalador entre a minha alma e tudo que fazia com que eu fosse realmente eu. Por isso, assim que atingia a areia disfarçava-me de pequenas conchas.
E depois fiz-me cantilena e um menino foi irresistivelmente atraído para a beira-mar pela melodia suave que enfrentava o emudecimento do vento. Conchas e conchas opalinas clamavam por ele. Sem ele, eu não seria nada. Precisava dele como a embarcação precisa do farol nas noites sem luar. Precisava das suas mãos pequenas para que estas me recolhessem e depois ao brincar com a areia, a enfeitassem de mim.
No final da tarde o menino acabara um imponente castelo de areia, salpicado por conchas. Levantou-se. E o vento ouviu-se de novo e desceu até ao castelo de areia. E das conchas ressurgi.
E antes de voltar a caminhar, quedei-me a observar um ponto longínquo. Um menino de mãos dadas aos seus pais, dizendo-me adeus.
abril 11, 2008
A morte saiu e entrou pela porta da rua em forma de móveis que iam e vinham conforme o espaço na camioneta das mudanças assim o permitia.
No chão da entrada do prédio viam-se folhas de um Outono que tardava, pegadas sujas de terra e um laço de embrulho, vermelho e pisado. A chuva nascia e depois escorria pelos canos a descoberto na rua, e os homens das mudanças iam e vinham naquele final de tarde enquanto a escuridão ia ganhando terreno.
O frigorífico e o microondas desceram no elevador e ao encará-los, achei que eram modernos demais para que a morte os tivesse invadido. Como se apenas mobílias velhas e quadros antigos emoldurassem com lógica finais sem história nem encanto em camas de hospital.
E sobre o ser humano que vivera a dois andares de mim durante quase trinta anos e que eu tão mal conhecera? A sua imagem persistirá colada ao sorriso que por vezes me dirigia. Boa tarde, está tudo bem? Sim, sim, e consigo? Boa tarde. As mesmas frases repetidas vezes sem conta no mesmo teatro humano de sempre.
E reflicto, da última vez que a vira realmente parecia mais frágil, com mais rugas, mais escondida na roupa… Nos últimos dez anos fora a primeira vez que voltara a olhar a para ela a sério…
Sinto frio. Abro e fecho a minha mão entorpecida como se reparasse nela só agora. Enquanto os homens das mudanças levavam para uma camioneta os resquício de existência daquela mulher, o Outono e a ventania mostraram a sua face definitivamente.