outubro 20, 2005

Gosto do pretérito, dos tempos em que o Outono era Outono. Em que as palavras eram apenas palavras porque bailavam na nossa mente como folhas caídas de árvores ao sabor do vento.
E nós éramos esse vento irrequieto, sem direcção certa porque nem sabíamos que o vento tinha que ter uma direcção.
O presente é a certeza de que se foi inocente, de que em algum momento nos aproximámos mil vezes mais daquilo que ansiamos encontrar agora.
Por isso amo as imagens e os cheiros que ficaram dum passado longínquo e incorrupto... Quando os sinto não restam dúvidas. Foi. Aconteceu.
Que saudades do mar e da areia quase fria nos pés. Que saudades do cheiro de Monsanto. De quando Monsanto era apenas uma mata. Nada mais a não ser isso mesmo, uma mata. Que saudades desses passeios e de quando nos bancos dos jardins de Lisboa não se sentava a morte... Apenas vida e inocência.

19 comentários:

Daniel Aladiah disse...

Querida Ana
Muita saudade... mas importa olhar em frente, até porque a inocência não volta mais...
Um beijo
Daniel

mdm disse...

Muita saudade.
O Outono tem muito de saudade.
Beijinhos pa ti!

Eva Lima disse...

Eu gosto particularmente do Outono e dos teus textos (mas isso já tu sabes!)

1 beijo

Å®t Øf £övë disse...

Ana,
A saudade é um sentimento tão antagónico.... tem tanto de bom como de mau!!!
Bom fds.
Bjs.

Tão só, um Pai disse...

Onde nasci e vivi a minha infância, não havia Outono, Inverno, Primavera ou Verão. Apenas calor, numa altura mais, noutra menos. No pico do calor vinha a visita da Sra. Dona Chuva Brava, mais a sua amiga Sra. Dona Granizada, daquela de partir os telhados de "lusalite" e furar os de zinco. Os namorados relâmpagos punham-se a dançar de dia e noite. Nesse tempo, o Natal chegava no pico do calor, pelo que o Pai Natal andava sempre de camisa de alças, calções e chanatas. Sem o cinto, a barriga ficava maior e tresandava a suor. Ali não haviam nem tempo nem disposição para nostalgias, só a vontade de estar sempre fora de casa, de dançar descalço e em tronco nú ao gosto da chuva quente. O sol tratava de nos secar tão rapidamente como a chuva que nos encharcava. Depois, era uma explosão de vida, vegetal e animal. A cheira da terra quente molhada, o vapor que dela se erguia e os cheiros que emanava. São assim, alguns sítios de África, onde só a morte é o motivo de tristeza, dor e saudade.

Rui disse...

Há que continuar a procurar, ainda existem sitios onde se pode recuperar algum do espirito perdido. Conheço alguns em Lisboa que ainda funcionam comigo. Locais onde se pode olhar para o que ficou e depois seguir em frente.

Conceição Paulino disse...

lembrar é bom. alimentar a saudade já não.prende-nos. amarra-nos a um inexistente chão como pesada âmcora amarrada ao nosso pescoço. e mal de quem perde a inocência. morre a pior das mortes. ainda ontem a minha Filhot'ANA riiu à gargalhada, dizendo-me:és mesmo uma criança. E ficámos as 2 felizes com isso. Por isso. bom f.s Bjs e ;) largos e rasgados cheios de boas e perfumadas brisas

Anónimo disse...

Não conheci a relva molhada de Monsanto... nunca suspirei pelo Outono... mas para que precisamos disso? :)
Beijo.
Mistério

mfc disse...

Essas são imagens que conservamos nas nossas recordações... não desesperes, mas não voltam mais!

Lyra disse...

um beijo querida Raquel.

Anónimo disse...

Olá sorri:)) Saudade! Fica as recordaçoes, essas o tempo não mata.
Beijo meu

Su disse...

saudades ...sempre o tempo correndo e as saudades ficando

jocas maradas

GNM disse...

... Um excelente resto de Domingo para ti.

Continua a sorrir!
Um bjito e uma flor...

Anónimo disse...

Tempos idos em que as convulsões também nos afectavam, com a liberdade de nos sentarmos inseguros nos bancos da avenida, não temendo a morte mais do que o degredo, com os pombos esvoaçando por entre as folhas que nos atapetavam o passeio e aqui e ali o sol espreitando por entre ramos de árvores quase nuas, enquanto um mendigo meticulosamente arrumava os papeis velhos, a cama da noite passada?

Tão só, um Pai disse...

Há outonos que gostam da cama, tardam a chegar.

Espreguiçam-se, bocejam e, nesses momentos, pintando o céu de cinzento, escondem o sol que insiste, ainda, em brilhar.

Depois, voltam a deitar-se. Ficamos sem saber o que fazer. Fará, frio? Calor? O chapéu de chuva poderá ficar em casa? E para o fim-de-semana, poderemos planear uma ida à praia? Que diabo, só cá faltava um outono mandrião.

O pior, são os outonos brincalhões. Acenam-nos de manhã com lindos raios de sol e, à tarde, molham-nos com o seu humor duvidoso. Infantil. Ai, se te descubro ... ponho-te fora de casa, até ao inverno. Fecho a porta á chave e deixo-te a chorar de raiva. Fazem-nos falta as tuas lágrimas, a limpeza das almas, dos sítios, das vidas, deste nosso pequeno mundo.

Uma boa semana.

Anónimo disse...

gosto do teu outono. e do banco de teu jardim. beijos

Unknown disse...

Olçá minha querida, esta é a altura dos amores maduros das certezas ;) beijinhos querida

Jorge Castro (OrCa) disse...

Há sempre um pouco de todo o Outono das nossas vidas na simples folha que ainda experimenta atapetar a calçada da cidade. E fica essa magnífica mensagem de uma vida cumprida... Basta sempre olhar para tudo, em nosso redor, com o olhar que melhor nos aprouver.

Grato pelo incentivo. É por imaginar existências como esta que se alimenta a minha pulsão da escrita.

Anna^ disse...

Viver as memórias com saudade...mas nunca ser demasiado saudosista!

Bjokas ":o)