Mãos
Pequenas
Colocaram-te nos meus braços e só pensava que se te deixasse cair te quebravas todo.
Sabia lá o que era um bebé a sério até a essa altura. Pelo menos um assim, nas minhas mãos. E a única certeza que tinha é que ia deixar de ser eu o bebé. E aos quase sete anos de idade essas certezas não tinham piada nenhuma.
Quando me contaram de ti fiquei com a perplexidade indiferente de quem diz que sim e mais que também. Notificavam-me e eu ali, impávida e serena. Não exultei. Escutava a novidade como escutava todas as outras que haviam surgido na minha existência ainda curta. Porque dito daquela maneira mais parecias esparregado liofilizado que era só acrescentar água e já estava. E ainda por cima eu não gostava de esparregado. Mas como as novidades nunca me abalavam e de ti ainda não conhecia o gosto, dei-te por isso o benefício da dúvida.
Depois dei-te biberão, mudei-te fraldas e sei exactamente quando e onde te sentaste pela primeira vez. Porque a andar, isso fui eu que te ensinei. Conhecia de cor o teu vocabulário restrito mais do que qualquer outro, que o meu também não era assim tão alargado. E por vezes sentia que me passavas à frente em tudo (ou eu assim achava). Pedaço de fralda chorão que conseguia tudo o que queria. Eras o bebé, o mais pequenino. E eu já era gente há algum tempo.
Mas hoje, constato que se não fosses tu, nunca teria mudado uma fralda, dado um biberão ou tido um bebé a sério ao colo. Ficaste-me escrito no futuro com as tuas luvinhas amarelas e os babygrows que te faziam parecer uma lagartinha engraçada. Hoje gosto de esparregado e desse passado. Teria feito tudo de novo. E nunca me esquecerei de como fiquei a saber de ti, sentada no chão a folhear revistas de banda desenhada, longe de descobrir que o meu mundo poderia esticar o suficiente para que pudesse caber mais alguém nele.
Pequenas
Colocaram-te nos meus braços e só pensava que se te deixasse cair te quebravas todo.
Sabia lá o que era um bebé a sério até a essa altura. Pelo menos um assim, nas minhas mãos. E a única certeza que tinha é que ia deixar de ser eu o bebé. E aos quase sete anos de idade essas certezas não tinham piada nenhuma.
Quando me contaram de ti fiquei com a perplexidade indiferente de quem diz que sim e mais que também. Notificavam-me e eu ali, impávida e serena. Não exultei. Escutava a novidade como escutava todas as outras que haviam surgido na minha existência ainda curta. Porque dito daquela maneira mais parecias esparregado liofilizado que era só acrescentar água e já estava. E ainda por cima eu não gostava de esparregado. Mas como as novidades nunca me abalavam e de ti ainda não conhecia o gosto, dei-te por isso o benefício da dúvida.
Depois dei-te biberão, mudei-te fraldas e sei exactamente quando e onde te sentaste pela primeira vez. Porque a andar, isso fui eu que te ensinei. Conhecia de cor o teu vocabulário restrito mais do que qualquer outro, que o meu também não era assim tão alargado. E por vezes sentia que me passavas à frente em tudo (ou eu assim achava). Pedaço de fralda chorão que conseguia tudo o que queria. Eras o bebé, o mais pequenino. E eu já era gente há algum tempo.
Mas hoje, constato que se não fosses tu, nunca teria mudado uma fralda, dado um biberão ou tido um bebé a sério ao colo. Ficaste-me escrito no futuro com as tuas luvinhas amarelas e os babygrows que te faziam parecer uma lagartinha engraçada. Hoje gosto de esparregado e desse passado. Teria feito tudo de novo. E nunca me esquecerei de como fiquei a saber de ti, sentada no chão a folhear revistas de banda desenhada, longe de descobrir que o meu mundo poderia esticar o suficiente para que pudesse caber mais alguém nele.
imagem getty images
16 comentários:
Está bonito, sim senhor.
Que delícia de post, mana. E ele merece, sem dúvida. Sei o quanto o amas. Beijocas ternurentas :)**
Tanta ternura...!
bjokas grandes ":o)
A suavidade de um bébé na doçura de um texto. E tanto amor em cada palavra.
Texto ternurento:) bjs
Mereces uma beijoca grande por este.
Beijoca grande!
Que post tão querido amiga, és maravilhosa.
Beijinhos
K doçura :) Tinhas razão: o email estava escondido no perfil. Já lá esta disponível (perfil). Diz coisas. Bjs grande [o mano(?) fez anos ou foi só um doce ataque de ternura?] Coisa boas para vocês
Regressado de férias cá volto ao giro do costume.
Que palavras doces, sentidas e tão cheias de melancolia.
Lindo de se ler.
Podia ser eu ou qualquer outro a quem tivessem criado com esse amor que mostras.
É um encanto este texto. Tão ternurento, tão carinhoso, que se lê com prazer 2, 3 vezes. Bjinhos
sinceros, parabéns pelo texto. fiquei simplesmente encantada.
Passei pra deixar uma bjoka de bom fds ":o)
Eu vim com a Anna^ desejar-te um bom fim de semana :) Já percebi, queres a músisca, mas ainda não tenho o pc para ta enviar por mail. Está alojada no sapo e de lá não sei tirá-la...Mas não me esqueço :)) Beijocas muitas!
O teu mano? :)
Este texto comove de tanta ternura...
Faz-nos pensar. A mim pelo menos...
Há sempre algo que cresce em nós, quando lidamos com um bebé...
Um texto de uma sensibilidade, de uma doçura, que até arranca lágrimas.
Porque o belo, comove...
Adorei ler-te.
Um abraço terno e um sorriso do tamanho do mundo :)
Naquele tempo, quando o meu irmão nasceu, eu ainda não sabia mudar fraldas, e de repente deixei de ser o centro do mundo, para o ter de repartir. E foi bom, muito bom. Beijinhos
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