agosto 09, 2005

Esquecemo-nos
dos exânimes



Somos apenas nós.
Os nossos sentimentos.
Nada mais importa.
Nada sobrevive à nossa passagem.
Não calamos a revolta.
Arrastámo-los para o fundo do poço
e à solidez da sua identificação corpórea
Como se de almas inexistentes se tratassem.
Sem dó. Sem piedade.
E nossa voracidade ergue-se
num grito lancinante.

Até nos saber ao sangue morno
dos que não vivem pelas nossas cartilhas.

19 comentários:

Wakewinha disse...

Tão duras estas palavras... Concordo com a parte de não calar a revolta, mas tudo é resto é tão cheio de dor!! =$

mdm disse...

Hmmm...
Palavras amargas Aninhas!
Olha vim só deixar um beijinho ainda estou em férias!!!
Fica bem!

Indibiduo disse...

Eu é que ando ás cabeçadas...
Aiii
Beijinho

Anónimo disse...

Raquel
a força deste teu fabuloso texto deixou-me exangue.

titas - enviado em 9/8/2005 22:51:00

JMTeles da Silva disse...

Vampirismo?
Se continuas a gostar de alho não te preocupes. É apenas uma crise passageira.
Bjokas.

Tão só, um Pai disse...

"Lobimulheres"? Onde? Onde?

Lua disse...

Ana também os gritos lacinantes são importantes, pois são eles que permitem o reset do sistema. Nunca os cales. Depois, conheces bem, a sensação de alívio, de renascimento, do equilibrio que se procura espontaneamente, da paz que se encontra.
Fica bem Aninhas.
Um beijo

A.Mello-Alter disse...

Espero que estejas em...

Anónimo disse...

Atrevo-me a sussurrar que o texto é para ser lido pela negativa...

Amita disse...

Pois, Raquel, por ser lido pela negativa é que "quizera" que não o fosse. Um grito forte e inquietante num texto muito bom. Fico na esperança de um amanhecer renascido. Bjinhos

Anónimo disse...

passei para saber como estás

e
deixar
//(~_~)\\ um beijo da Titas

voltarei amanhã (na esperança de te ler pela positiva)

Afrodite disse...

passei eu também, para te deixar
§(~_~)§ um beijo da Afrodite

e saber como estás.
Voltarei amanhã (mas, antes, tu passas lá pela minha casa) verás como o mundo tem outras cores...
excitantes
renascitantes
e outras tantes coisas!

Anónimo disse...

Um pouco confuso, talvez pela gana da escrita que vai de encontro à realidade... Somos obrigados pela força a viver sempre pela positiva, sobreviver não tem coerência.

Desanimados sim, mas mortos não! Apesar de tudo gostei.
Um beijo pl'a força

Tão só, um Pai disse...

Vamos lá animar a festa e chamar a autora á pedra, que já não tou a perceber nada.

Ó Raquel! Desculpa-me lá a perversão mas ... que história é essa da TUA "voracidade" que se "ergue num grito lancinante"? Hã? Tás-te a referir ao orgasmo? É isso? Só me ocorre esta ideia. Que queres, ando pouco poético.

E essa do "sangue morno" ... nem quero pensar ...

E que história é essa da "identificação corpórea"? Referes-te à " apalpação"? Tá visto, só pode ser.

Bem ..., vejam só "sem dó nem piedade..."? ... é o que se chama de "ir ao castigo", pá!

Rapariga, quando vier a lua cheia, não sou eu que vou estar ao pé de ti ... chiça! Meu rico pescocinho ...

Conceição Paulino disse...

arrepiei-me com este texto E olha k não sou assim susceptível. Há nele um não sei quê...k provoca tal efeito. Bj grande

Raquel Vasconcelos disse...

Traduções? As possíveis...

Esquecemo-nos dos exânimes
dos mortos vivos, dos que se afundam, dos que morrem sem que alguém tenha percebido que estão a anular-se
Somos apenas nós.
nós e o nosso egoísmo
Os nossos sentimentos.
nós e o nosso egoísmo
Nada mais importa.
nós e o nosso desinteressse
Nada sobrevive à nossa passagem.
nada sobrevive ao facto de passarmos por cima dos outros, de um amigo, de um colega, para conseguirmos o que queremos
Não calamos a revolta.
passaremos o tempo a inundar o ar de mágoas apenas pensando em nós e na raiva do que os outros têm e não nós
Arrastámo-los para o fundo do poço e à solidez da sua identificação corpórea
Como se de almas inexistentes se tratassem.
que interessa quem afunda, se assim que podemos os deixamos para trás, como se deixassem de ser seres humanos
Sem dó. Sem piedade.
apenas nós
E nossa voracidade ergue-se
num grito lancinante.
apenas nós e o nosso grito de raiva pelo q não temos, pelo que queremos, pelo q teremos ainda que por cima de tudo e todos

Até nos saber ao sangue morno
dos que não vivem pelas nossas cartilhas.
apenas nós e a nossa voracidade, estraçalhando qq ser que se nos atravesse e não leia pela nossa lei, pelas leis q a sociedade impôs, que não tenha o carro, a casa, a vida igual ao que todos têm que ter. Ai de quem for diferente, ai de quem sair da linha

Tão só, um Pai disse...

... pois, eu já sabia qual era a "tradução". Só queria alegrar-te. Pimba, levei com ela na tola. É a vida.
Beijinhos fofos.

Raquel Vasconcelos disse...

Não foi nada na tola... Foi no pescoço... remember?
E não podem ser beijinhos fofos mas sim mornos pq esses é que fizeram furor!

Menina Marota disse...

Se lesse o teu texto, assim simplesmente, talvez fizesse uma interpretação...mas, como li os comentários e a tua explicação do poema...
..e, recordei uma poema que li há dias da Ana Hatherly no seu livro, "O Pavão Negro"... deixo-o aqui, para ti...

" Um rio de escondidas luzes
atravessa a invenção da voz:
avança lentamente
mas de repente
irrompe fulminante
saindo-nos da boca

No espantoso momento
do agora fala
é uma torrente enorme
um mar que se abre
na nossa garganta

Nesse rio
as palavras sobrevoam
as abruptas margens do sentido."

Poema "Um Rio de Luzes" in "O Pavão Negro" Pág. 23 - Ana Hatherly - Assírio & Alvim -

Sê sempre tu própria, seja qual for as circunstâncias.
O calor e a imensidão da tua alma e dos teus princípios, triunfarão um dia, sobre tudo o demais...

Um abraço terno ;)