agosto 18, 2004

"miss u"

Invento mil desculpas para acreditar nas razões que me aprisionam a estas paredes, a este mundo invisível. Vi-me amarfanhada pela solidão, estrangulada pelo silêncio, vítima do vazio. Um rato de laboratório percorrendo um labirinto insolúvel...

Ligo a máquina, identify...

Sou eu... Assumo por fim a minha identidade de lobo disfarçado de ovelha. Colecciono sentimentos, palavras, defeitos, feitios. Busco a perfeição e retalho seres, procurando as palavras certas que num ecrã quase vazio atenuam a solidão, e esbatem as paredes em que me encerrei.

Já fui uma outra pessoa, coleccionei conversas de café, sorri, chorei, dancei à beira mar. Passou tudo. Tornei-me introspectiva. A solidão diária matou-me, para me fazer reviver transformada numa contadora de histórias.

Amo as palavras, a mágoa que mas ensina, as folhas em branco, as perguntas por fazer, os ecrãs por responder e os sorrisos dos outros. As palavras trazem memórias de épocas felizes, de lágrimas, de rodopios mentais, de não saber quem era.

Ainda hoje continuo sem saber...

Os que em tempos se recusaram amar-me, agora tragam as minhas palavras como se outra fosse, e não aquela de sempre, que apenas mendigava amor.

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