dezembro 07, 2005

Ela leu o texto, era longo e leu-o concentrada, parágrafo por parágrafo. Depois restituiu-lhe a folha impressa em papel reciclável. Ele era sempre correcto e metódico, preocupado com o ambiente e nada deixava ao acaso. A tinta dos caracteres também era reciclada e ela perguntava-se ocasionalmente se ele era assim por se preocupar com o ambiente ou mera extravagância.

Pensou no Jeremias que um dia lhe fora vetado numa conversa em formato de ditadura. A pelagem do animal colava-se à poeira da cidade tornando-a mais visível e isso deixava-o irritadiço. Num mundo perfeito jamais existiriam pó ou pêlos de animais. E ela submetera-se, muda, pressentindo de noite o Jeremias miar de saudades, num outro lugar da cidade.

O texto impresso na folha de papel reciclado começava com um poema. O primeiro que ele lhe escrevera em tempos e que sabia agradar-lhe de sobremaneira. Depois, em prosa poética ele avançava com um conjunto de alegações que a transformavam em material não reciclável. E ele, explicava-lhe, não sabia como lidar com material não reciclável. Era um poeta gramaticalmente correcto. Sem sentimentos senão para com objectos recicláveis - talvez por isso enveredara pela advocacia e era um advogado competente e objectivo. Nas entrelinhas adiantava que ela se lhe tornara "algo" que não cabia em nenhum dos ecopontos espalhados pelo seu sistema circulatório. Por fim, propunha-lhe o quarto ao lado do dele e a possibilidade de o decorar como bem o desejasse.

Estava estarrecida. Tornara-se num candeeiro de que estamos fartos mas nos falta a coragem para o deitar no lixo, e desejamos relegar para algum recôndito lugar da casa. Conhecia-lhe a insensibilidade desde há longos anos, mas ainda não lhe conhecera a crueldade e não retorquiu logo. Sabia que se articulasse uma única sílaba, a voz tornar-se-ia rouca e as lágrimas tão destrutivas da imagem de indiferença que precisava aparentar, brotariam desesperadamente.

Isso incomodá-lo-ia ainda mais.

Enfrentou o olhar dele - à espera da confirmação de todas as acusações e pretensões, porque certamente que ela concordaria com ele, passara uma vida inteira a concordar - e perguntou-lhe se queria açúcar no café. Ele assentiu pavlovianamente e ela explicou-lhe que o açúcar estava na cozinha. A palavra deixou-o abstracto. Cozinha... Um local vago na mente dele. Confuso, deu-se no entanto conta que ela retirara o telemóvel da carteira e digitava um número. Nunca a imaginara com independência. Observou a expressão dela e um sorriso iluminá-la. Ora aí estava algo que ainda o confundia mais, há muito que a supunha sem sorriso. Sim - ouviu-a, cada vez mais surpreendido - afinal aceito o convite, não tenho nada marcado para esta noite.

Uma punhalada atingiu-o. Unicamente desejava que depois de todos aqueles anos de vida em comum, ela fosse encaixotada! Era esse o propósito com que escrevera a sua carta gramaticalmente correcta. Com rigor, ela apenas se lhe tornara indiferente.
Inesperadamente detestou-a, só que ela já lhe virara costas ficando apenas o odor suave do perfume a impregnar a sala. E ele, que tão bem sabia de leis e poesia, ficou ali especado, sem saber onde estava o açúcar.




Por Raquel Vasconcelos
in Jornal
O Progresso de Gondomar

29 comentários:

Alexandre de Sousa disse...

Mais uma vez "O progresso de Gndomar" está de paragens por esta excelente colaboração

Nilson Barcelli disse...

Gostei da abordagem que fazes, de um ângulo muito interessante e inesperado, da relação típica de alguns casais que fazem a sua vida sob o mesmo tecto.
Ainda há muitos homens que só sabem onde está o comando da TV, o jornal e pouco mais.
A situação só perdura se a mulher não puder (ou não for capaz) asssumir a sua independência e dignidade.
Parabéns, gostei do conteúdo e da mensagem que ele contém de uma forma implícita.
Beijinhos

Menina Marota disse...

"...passara uma vida inteira a concordar - e perguntou-lhe se queria açúcar no café."

... pois é... sei tão bem o que isto é!!

Mas um dia, descobrem que são uns inúteis, que toda a posição, todo o dinheiro, não paga algo que os atraiçoa: a saúde...

E, depois... bem depois, posso estar aqui no pc a esta hora, depois de deitar o açúcar na caneca, não que ele não saiba onde está, agora sabe, mas porque não consegue ir buscá-lo...

Aprendi isto... vivo isto!

Um abraço carinhoso e bom feriado ;)

mfc disse...

Há sempre um dia em que se deixa o outro sem o açúcar.
O repetitivo, a normalidade, a rotina, a falta de um clique, a indiferença... acontecem e são insuportáveis.
Há quem lhe consiga ser indiferente,há quem se violente uma vida toda, há quem opte por se alhear e vá "vivendo"!

Anna^ disse...

Gostei tanto da abordagem deste tema:a indiferença...a rotina...a monotonia,talvez só quebrada pela "falta de açucar e ausência do açucareiro" ;)
A ironia nas palavras...o sarcasmo escondido...olha...Parabéns :)))

bjokas ":o)

Su disse...

belo texto este sobre a vida,
a indiferença/ a crueldade/ a insensibilidade, todos estes sentimentos negativos que fazem parte do quotidiano de tantos
gostei do final
jocas maradas

Afrodite disse...

Repito o que já disse noutro local:
escreves cada vez melhor (o que pareceria impossível... ou quase)

Muito interessante a mudança da forma narrativa.

Um beijo, fiótita!

Alexandre disse...

Boa prosa, parabéns.

Beijo,

Alex

Anónimo disse...

O texto está sobermo, acho que é mesmo isso, ninguém sabe onde está o açucar para adoçar as nossas vidas...

Um beijo, o açucareiro estás ali mesmo.

Menina Marota disse...

Olá, bom dia!
Vim aqui especialmente dar-te os parabéns pela capa do Frog. Ficou belíssima!!
Um abraço terno e bom domingo ;)

Graca Neves - mgbon disse...

Mais uma realidade a que quase ninguém escapa, e ninguém assume.
Belíssimo texto.

Su disse...

voltei para reler..o que vale a pena ser lido
voltei para fazer catarse
jocas maradas

Que Bem Cheira A Maresia disse...

Tive uma restea de net normal e vim cá desejar-te um bom começo de semana e saciar a minha sede das palavras que escolhes para partilhares connosco.

Parabéns pela capa do livro do nosso Frog, ficou lindissima :)

Beijo da Lina/Mar Revolto

Maria Carvalho disse...

Texto maravilhoso. Beijos

Perola Granito disse...

Boas Festas!
:o)

agua_quente disse...

Às vezes apetece-me aplaudir, quando acabo de te ler. :) Mas tu já sabes que escreves bem e nem é isso que está aqui em causa. A forma como espalhas no ecrã sentimentos tão complexos é que é extraordinária.
Beijos

Poesia Portuguesa disse...

Passei para reler este sensível e extraordinário texto, deixando um abraço carinhoso e um sorriso do tamanho do mundo... ;)

Nilson Barcelli disse...

Só para te deixar um beijinho e desejar-te uma boa semana.

Unknown disse...

todos temos as nossas desavenças...
por isso escrevemos...umas vezes a tinta, outras somente por pensamento..mas lá ficam gravadas essas palavras indecifraveis para nós...

beijo

Nilson Barcelli disse...

Mas também gostei da música... já me esquecia de o referir.
Beijinhos

Anónimo disse...

Para ler, reler, voltar e ler de novo...e reflectir...porque razão, às vezes, somos mesmo nós que escondemos o açucareiro...

Eva Lima disse...

Só agora cheguei e... GOSTEI.

Daniel Aladiah disse...

Querida Ana
És uma jóia perdida...
Um beijo
Daniel

Luís Monteiro da Cunha disse...

Passei apenas para cuscar... sou muito cusco...lol
A convite da menina marota...
Gostei desta prosa, que nos leva ao sentimento denominado saudade e que habita sempre em nós. Do qual não sinto que seja triste... apenas bocados de vida para nos lembrar o quanto queremos e o quanto passamos para atingir o pleno.

Penso em voltar, mas terei de linkar antes.

Boa semana

Thiago Forrest Gump disse...

Mas porque ele escreveu a carta afinal? A gaja merecia ou ele é doido?

Outra pergunta: o que significa o termo "encaixotada" aí em Portugal?

Vampiria disse...

Raquel, estranhamente, um amigo meu, o qual conheci através do meu blog diz me sempre o mesmo - como é que tu apaixonada como estás, feliz como te vejo só escreves aquilo? apesar de gostar do que escreves, como consegues - e uma coisa lhe disse - porque só me sinto realizada escrevendo assim e se estivesse infeliz, melhor escreveria... nao me perguntes porquê!...

gato_escaldado disse...

ora bem! foi mto bem feito. é o que acontece aos "poetas gramaticalmente correctos". por isso, prezo muito as minhas gralhas ...

boa malha. um texto delicioso. beijos

Que Bem Cheira A Maresia disse...

Passei para reler esta história de vida, tantas vezes repetida ;)

Beijos da Lina/Mar Revolto

Anónimo disse...

En remontant l'échelle hiérarchique du pouvoir décisionnel de la médecine, on trouve, tout en haut, Dr. Rockefeller : les banquiers mondiaux, propriétaires des multinationales pharmaceutiques et technologiques. Ces derniers imposent leur " corporate philosophy " qui exige des profits à n'importe quel prix. Ils contrôlent la médecine de haut en bas, en utilisant l'OMS comme paravent. Cette dernière établit les politiques de santé qui sont appliquées obligatoirement dans tous les pays membres de l'ONU. C'est de cette façon que la haute finance exerce son pouvoir sur la santé de la planète, en imposant sa dictature aux divers pays par le truchement des organismes gouvernementaux contrôlant la santé publique, les universités, les régimes d'assurance maladie, le collège des médecins, les fédérations médicales... Tous les membres de ces organismes doivent obéissance aveugle aux directives de leur corporation, sous peine de réprimande et d'exclusion.

o Quel est donc le but d'un financier ? -Faire de l'argent, c'est évident.
o La bonne santé est-elle lucrative ? -Non, c'est la maladie qui rapporte bien.

o Que faire pour augmenter ses profits ? -Augmenter la clientèle des malades.
Soit en les rendant de plus en plus malades s'ils le sont déjà; soit en les rendant malades s'ils ne le sont pas encore. D'où la conclusion que le système en est un de maladie.
VCR. Votre livre, La Mafia médicale, vous a fait connaître, fait découvrir votre pensée et mis en cause les corporations qui ont mission d'encadrer les professionnels de la santé. En écrivant ce livre, vous saviez bien que la rupture allait être consommée avec la corporation, que votre carrière risquait de prendre fin. S'est-il passé quelque chose de spécial dans votre vie ? Et pourquoi vous a-t-il semblé que la crise de la santé était devenue sans précédent ?

G.L. : Oui, en effet, la retalliation du Collège des médecins à mon endroit ne fut pas une surprise. J'avais parlé des punitions de l'insoumission dans mon livre La Mafia médicale. Elles vont de l'intimidation à la mort, en passant par la dépossession des droits et biens de l'insoumis. Pourquoi mettre en péril ma carrière, ma profession, ma situation sociale et financière ? Cela peut sembler suicidaire, certes, d'un point de vue matérialiste. Mais dans mon âme et conscience, tout se passait bien différemment. Une énorme force de vérité me poussait inexorablement à divulguer le vrai visage de la médecine que je découvrais. Ce que j'avais cru être une profession honorable au service de la vie se révélait être un business impitoyable au service de la mort. En tant que médecin pratiquant activement la médecine depuis 25 ans, douée de curiosité et de bon sens, et avec une bonne expérience de terrain dans trois pays, je venais tout juste de comprendre le fonctionnement du système médical. Je réalisais que le malade n'a aucun moyen de comprendre ce qui se passe dans ce système compliqué, frustrant et coûteux. De là ma décision d'exposer la mafia médicale, ses membres, son fonctionnement ainsi que la solution qui mène à la santé réelle.
VCR. Vous touchez un sujet d'intérêt lorsque vous relevez les faits que les services diminuent chaque jour davantage, que les gouvernements n'arrêtent pas de supprimer les subventions aux hôpitaux et que les financiers qui s'interposent en sapeurs-pompiers sont les mêmes qui ont ruiné les programmes de l'assurance-maladie. On ne comprend pas très bien la conséquence que vous tirez de ce constat.

G.L. : Avant la mise en place de l'assurance-maladie en 1970, la médecine, avec ses hôpitaux, services, assurances, médicaments, technologie... fonctionnait en entreprise libre. L'assurance-maladie vint créer un monopole public, c'est-à-dire réduire la concurrence à zéro et installer une dictature médicale unique au nom du bien commun. Rappelons-nous la célèbre phrase de Rockefeller qui dit : " Competition is a sin " (la concurrence est un péché). De là, il suffisait de créer le chaos dans le système public et d'appeler le secteur privé à notre secours, pour démontrer que le système public était inadéquat et qu'il fallait le privatiser. Ce qui est presque réalisé.

" En politique, rien n'arrive par hasard ", répétait F. D. Roosevelt. Le système médical n'y échappe pas. Il suffit de regarder son évolution pour retrouver le même acteur du début à la fin. Claude Castonguay, alors ministre de la santé, procéda à son instauration. Puis il dirigea la commission qui mit en place l'assurance-médicament. Et c'est encore lui qui, aux côtés de Mario Dumont, prône l'inévitable privatisation de la médecine. Et qui donc est Claude Castonguay ? Un banquier et un assureur ! Il suffit de regarder la vue d'ensemble pour comprendre le plan de départ : étatiser la santé et créer un monopole public, qui semble un programme social louable, pour ensuite la privatiser et la transformer en monopole privé inévitable. Et le tour est joué !
VCR. La lecture de La Mafia médicale donne parfois à penser que, pour vous, notre système de santé est moins que rien. Vous dénoncez d'ailleurs, dans la même veine, les autorités politiques et les médias d'entretenir indûment la peur de la maladie, de la vieillesse et de la mort. Quelle place réservez-vous à la prévention, à différents programmes de santé publique ?

G.L. Le système de santé est un business entre les mains des financiers mondiaux. Comme les lois, il est créé par eux, pour eux. Il repose sur la peur car, sans peur, pas de maladie et encore moins de médecine. Seule la peur pousse le malade (potentiel) chez le médecin. Sans elle, il n'irait jamais. Il faut donc la cultiver de toutes les façons pour attirer les gens bien portants dans les tentacules de la pieuvre et, de là, saisir la proie. D'où les campagnes répétées de peur par les médias et les nombreux tests de dépistage pour prévenir la maladie. Ils ne sont, en réalité, que des tests de dépistage précoce pour traiter plus de malades, plus tôt et plus longtemps. Vous n'êtes pas sans savoir que la pensée crée et que le patient auquel on diagnostique une maladie la fait apparaître à plus ou moins brève échéance. Tous les programmes de prévention et de santé publique sont sous l'égide du gouvernement et ont la même fonction. Le grand leurre est de croire que public ou gouvernemental signifie au service du peuple. Cette inconscience coûte cher. Nous la payons de notre labeur et de notre vie.
VCR. Avant de vous traîner en cour, l'ordre des médecins a tenté de prouver que vous étiez dangereuse parce que " vous trompez " le public.

Même dans l'édition récente de votre livre, vous allez jusqu'à affirmer que le Sida n'existe pas. Pensez-vous que vous avez raison et que les gens ne vous comprennent pas ? Pourquoi dire que le Sida n'existe pas alors que les gens en meurent ?


G.L. On ne meurt pas de cancer, on ne meurt pas de sida, on meurt de peur et d'épuisement. Je l'ai constaté auprès des personnes qui ont été diagnostiquées séropositives il y a déjà plus de dix ans et qui sont en très bonne santé aujourd'hui. J'ai questionné non pas les morts, mais bien les vivants. " Qu'avez-vous fait ? ", leur ais-je demandé. Et tous de répondre qu'ils ont repris leur pouvoir personnel, retrouvé leur dignité humaine, jeté les médicaments à la toilette et joué le tout pour le tout. Ils ont préféré risquer de mourir plus vite dignement à mourir plus tard lamentablement. Et le miracle s'est produit, ils ont commencé à retrouver l'appétit, les forces et enfin la vitalité. C'est ce qui m'a amenée à prendre conscience que le vrai pouvoir de guérison est à l'intérieur de soi et que toute interférence médicamenteuse ou autre agression est une entrave à la guérison. Elle prolonge l'illusion de survie, certes, mais elle empêche d'avoir accès à la vie qui guérit.
Quant au sida, ce n'est pas une maladie, mais bien un syndrome, le Syndrome d'immuno-déficience acquise, c'est-à-dire un ensemble de signes et symptômes reliés à une déficience immunitaire acquise (et non congénitale). Cette déficience immunitaire va favoriser l'implantation des maladies connues, mais pas le sida. Et qu'est-ce qui cause une telle déficience de l'immunité chez la personne ? Le manque de sens à sa vie, la pauvreté et la malnutrition, le stress, les médicaments et les vaccins, les drogues, la pollution, etc. Mais pas le virus VIH !
Ais-je raison ou tort ? Ni l'un ni l'autre. C'est ma vérité à moi. Je vous invite à trouver la vôtre, à l'intérieur de vous, dans votre âme et conscience. C'est là qu'elle se trouve et non dans les enseignements du Dr.Rockefeller, pas plus que dans mon livre. Quant à moi, j'ai développé une petite réponse quand je ne comprends pas ce qui motive des décisions gouvernementales (car la médecine est un monopole gouvernemental). Je me répète : " Si le gouvernement te dit de tourner à gauche, tourne à droite. Et s'il te dit de tourner à droite, tourne à gauche. Ainsi, tu ne feras jamais d'erreur. "
VCR. Vous vous posez également certaines questions : Pourquoi certaines personnes sont toujours malades, d'autres jamais ? Pourquoi on meurt de cancer après 50 ans de recherches sur la maladie ? Quelles réponses suggérez-vous ?

G.L. Quand j'ai constaté que la médecine rendait les gens malades, je me suis demandé ce qui améliorait la santé. Après une longue recherche, j'ai réalisé que l'état de santé d'une personne est directement proportionnel à son état de conscience, c'est-à-dire son état d'éveil à la réalité de son être. C'est donc au niveau de l'être, de l'âme et conscience que tout se joue. Les personnes stressées sont malades parce qu'elles sont en guerre à l'intérieur d'elles-mêmes entre l'émancipation de leur être et la sécurité de leur avoir. Plus elles sont attachées à leur avoir, plus elles rament à contre-courant de la vie (de l'émancipation de leur être), plus elle s'épuisent. La guerre rend malade. Et elle fait vieillir et mourir!
On meurt de cancer après 50 ans de recherche sur la maladie parce que la recherche ne porte que sur la matière physique qui se voit, se palpe, se mesure. Elle élimine les autres facteurs invisibles et impalpables, et pourtant bien présents, telles les pensées et les émotions. Alors que l'on sait très bien, à l'heure actuelle, que l'origine de la maladie est toujours psycho-somatique (origine psychique avec manifestation physique). Est-ce par ignorance que la recherche fait de l'être humain une machine matérielle sans âme ? Pas après 50 ans d'échecs répétés, sûrement pas. C'est plutôt que leur mandat est de découvrir des médicaments qui prolongent sans guérir et causent d'autres maladies. Voilà la loi du business.
VCR. Où en est le procès qui a été fait à La Mafia médicale ?

G.L. Il est terminé depuis plusieurs années. Ce fut pour moi -et pour les spectateurs- une expérience unique. Je savais que la décision était prise avant même que ne commence le procès. Le but en était de retirer le droit de pratique à un médecin qui ne respecte pas la loi du silence et la ligne du parti. Il était insupportable pour le Collège et la profession médicale de garder en son sein un membre qui ose aller à l'encontre du dogme médical établi. Il faut l'évincer. Ce qui fut fait. Comme l'inquisition au Moyen-Age. Cette saga inimaginable est rapportée dans un livre intitulé "Le procès de la mafia médicale".
VCR. Parlez-nous un peu du fond métaphysique qui sous-tend vos idées sur l'autonomie et sur la santé.

G.L. Au moment de la rédaction de La Mafia médicale, je me suis posé la question suivante : on parle toujours du "corps médical ", mais jamais de l'âme médicale. Quelle est-elle ? L'âme du système médical, c'est le malade, la raison d'être du système. Sans âme, il ne peut y avoir de corps ; sans malade, pas de médecine. De cela je conclus que l'autorité suprême du système médical est évidemment l'âme, le malade. C'est lui qui détient le pouvoir sur sa santé et sur les finances qui en découlent. Or, la pratique est toute autre. Le malade a perdu son pouvoir au profit du Collège des médecins, pour la pratique de la médecine ; et aux mains des assurances, pour son financement. L'âme s'est soumise au corps et c'est ainsi qu'elle s'est rendue malade. Les rôles sont inversés et le système est à l'envers. C'est le désordre. D'où la maladie chez l'être humain et le chaos dans le système médical. Que faire ? Rétablir l'ordre, la SOUVERAINETÉ DE L'ÂME chez l'être humain et dans le système médical, pour retrouver la santé de l'un et de l'autre.
Qui peut accomplir cette guérison ? L'être humain individuellement car c'est lui qui détient l'autorité suprême : c'est lui qui détient le pouvoir décisionnel sur sa santé et son financement. S'il cesse d'aller chez le médecin ou s'il cesse de payer pour le système, ce dernier s'écroule immédiatement. Et cela, Dr Rockefeller le sait bien. Il met donc toute son énergie à prévenir pareille catastrophe, mortelle pour son exploitation de la maladie.
Qu'est-ce qui empêche l'individu de le faire ? L'INCONSCIENCE de sa souveraineté individuelle. L'être humain a oublié qui il est, à la fois l'esprit créateur et la matière créée . Il se prend pour une pauvre créature à la merci d'un créateur extérieur qu'il nomme tantôt Dieu, tantôt médecin, tantôt gouvernement, tantôt microbe... D'où sa peur millénaire car il ne crée pas, mais subit, sa destinée. D'où sa soumission à des autorités extérieures, autres que lui. D'où sa maladie, sa vieillesse et sa mort.
L'humanité est la transition entre l'animalité (l'inconscience de qui je suis) et la divinité (la conscience de qui je suis). Nous sommes à la fin de ce passage et nous constatons une accélération de conscience considérable ces temps-ci. La poussée évolutive de l'âme impose un rythme de croissance de l'être essoufflant et y résister devient insupportable, très souffrant, voire mortel. Or l'être humain a le choix (contrairement à l'animal qui ne l'a pas). Il peut choisir de faire équipe avec son âme et conscience ; donner priorité à son être sur son avoir, guérir ses peurs et mettre fin à la souffrance humaine. Il connaîtra alors la joie, la toute-puissance, la béatitude. L'être divin est sur le point de naître et, avec lui, la santé illimitée, la jeunesse éternelle et l'immortalité physique.
Ghislaine Saint-Pierre Lanctôt est auteure de La Mafia médicale et de Que Diable suis-je venue faire sur cette terre ?