fevereiro 02, 2004


Outono de outros tantos outonos

Sento-me em frente à janela do meu quarto. Gosto de observar a copa das árvores, quase nuas. Estamos no Outono. Ao fundo, a velha escola. Nunca a frequentei. Recorda-me uma adolescência que ficou parada no tempo. Uma adolescência que desejava incessantemente retomar.
Ondas de raiva percorrem-me o corpo. Necessito de calma. Tudo voltará a ser como dantes. Voltarei a olhar em redor monocordicamente. Voltarei a ser eu. Em paz com o mundo. Enganar-me-ei para enganar os outros.
Com um velho espelho, maquilho-me para que não se vejam as marcas do cansaço. Coloco um sorriso suave. Saio de frente da vidraça. Atravesso o quarto, depois o corredor. Abro a porta - com uma chave que deixou de me pertencer - e saio para para o outono.